segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Uma coisa de cada vez

http://www.youtube.com/watch?v=anFxDsg20KE

Todo o sentimento
(Chico Buarque)

Preciso não dormir
até se consumar
o tempo da gente
preciso conduzir
um tempo de te amar
te amando devagar e urgentemente
pretendo descobrir
no último momento
um tempo que refaz o que desfez
que recolhe todo sentimento
e bota no corpo uma outra vez
prometo te querer
até o amor cair
doente, doente
prefiro então partir
a tempo de poder
a gente se desvencilhar da gente

Depois de te perder
te encontro com certeza
talvez num tempo da delicadeza
onde não diremos nada
nada aconteceu
apenas seguirei
como encantado ao lado teu

Depois de te perder
te encontro com certeza
talvez num tempo da delicadeza
onde não diremos nada
nada aconteceu
apenas seguirei
como encantado ao lado teu.

Nota:
"Pretendo descobrir no último momento um tempo que refaz o que desfez, que recolhe todo sentimento e bota no corpo uma outra vez".
Curioso, mas essa frase me remete a um trecho de "Caixa de carbono", poema de Lucivânia Fernandes, no qual, entre outras coisas, diz:
"Todas essas coisas, carne, eletricidade, desejo, tempo, o espaço vazio da cama, o silêncio atroz do telefone,
recolhi.
Não um banquete de traças ou os tesouros de uma namorada velha,
que remenda rugas e retalhos,
mas um amor ainda jovem e imaturo,
preso na sua própria eternidade e gestação.
Na minha caixa, esta caixa: cérebro, papel, ou útero,
nem arca, nem armário, nem gaveta, nem baú...,
a poesia inquieta e impura
do que não vivi,
das coisas jogadas fora
de Manoel de Barros,
os males todos de Pandora,
esse amor imprestável, desperdiçado,
desgraçado e inútil,
molécula de carbono
com que seria possível
recomeçar o mundo".

Recolher, guardar, eternizar... tornar memória.
Passemos às frases desconexas...
A fragilidade é saudável quando faz refletir e traz entendimento.
Se sentir vontade de chorar, chore: não deixa de ser um meio eficaz de extravazar a dor.
Goste mais de si próprio e entenda que os seus problemas só você pode resolver.
Compreenda que as mágoas e os problemas dos outros não são problemas seus: cada um com o seu pesar.
Enxergue-se nitidamente: se dizem que você é admirável e tem muito mais virtudes que vícios, por quê insistir em acreditar no contrário? Chega de auto-sabotagem.
Uma coisa de cada vez? Sim, sim...
Uma coisa de cada vez pra ser cada vez melhor e, por fim, enxergar-se inteira e plena: apta a reconhecer-se.
Estou ensaiando o primeiro passo.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

"Nem sempre tem vento, mas sempre tem jeito pra dar, quando se trata de vida ou de morte"

Corre corre
(Rita Lee - Roberto de Carvalho)

O ano passado passou tão apressado
e eu sei
que foi um corre, corre, corre danado
o ano inteiro eu passei sem dinheiro
e eu sei
que foi um tal de segurar essa peteca no ar
como se fosse empinar papagaio

Nem sempre tem vento, mas sempre tem jeito pra dar
quando se trata de vida ou de morte
e se não me engano, no próximo ano vai vir
aquela dose de cicuta que eu vou ter que engolir
como se fosse um suco de fruta
como se fosse eu a grande maluca

Corre, corre, corre
corre, corre, corre.

Nota:
2010 até agora tem sido um ano de muitas lágrimas.
Muito esforço recompensado, muitas conquistas, muitas escolhas...
MUITO APRENDIZADO, e tudo aquilo que não se dissocia do aprendizado.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

"Romântico é uma espécie em extinção"

De todas as maneiras
(Chico Buarque de Hollanda)

De todas as maneiras que há de amar
nós já nos amamos
com todas as palavras feitas pra sangrar, já nos cortamos

Agora, já passa da hora
tá lindo lá fora
larga a minha mão
solta as unhas do meu coração, que ele está apressado
e desanda a bater desvairado quando entra o verão

De todas as maneiras que há de amar
já nos machucamos
com todas as palavras feitas pra humilhar, nos afagamos

Agora, já passa da hora
tá lindo lá fora
larga a minha mão
solta as unhas do meu coração, que ele está apressado
e desanda a bater desvairado quando entra o verão.

Nota:
ADORO essa música.
Na minha opinião, das mais belas canções de Chico.
Densa e intensa que só ela. Não poderia ser diferente: define o amor.
Fala sobre amar.
Especialmente a parte que diz que "com todas as palavras feitas pra humilhar, nos afagamos" eu acho belíssima...
Por amar demais, por querer demais, por desejar demais, há quem se defenda agredindo, humilhando... e logo em seguida, tomado por um arrependimento brutal, volta atrás e pede perdão, afaga, acaricia, se retrata...
Tão difícil pra uns e outros entender e, pra mim, tão simples...
Isso também é amor.
Amor não é só carinho, delicadeza, felicidade... é discórdia, dor e agressão também.
Cada pessoa sente e manifesta (ou não) do seu próprio jeito o amor que sente.
O que a gente sabe do amor é só do amor que a gente sente (e olhe lá...)
Apesar de toda a dor que pode haver, amar me faz muito muito muito bem.
Romântico, como já dizia Vander Lee, é uma espécie em extinção.

http://www.youtube.com/watch?v=qhSrmV-YDO8

"Românticos são poucos
românticos são loucos desvairados
que querem ser o outro
que pensam que o outro é o paraíso
românticos são lindos
românticos são limpos e pirados
que choram com baladas
que amam sem vergonha e sem juízo

São tipos populares que vivem pelos bares
e mesmo certos vão pedir perdão
e passam a noite em claro
conhecem o gosto raro
de amar sem medo de outra desilusão

Romântico é uma espécie em extinção
romântico é uma espécie em extinção".

terça-feira, 9 de novembro de 2010

"Estou aqui de passagem"

http://www.youtube.com/watch?v=N3GWwCAsqUA

Eu não sou da sua rua
(Arnaldo Antunes - Branco Mello)

Eu não sou da sua rua
eu não sou o seu vizinho
eu moro muito longe, sozinho
estou aqui de passagem

Eu não sou da sua rua
eu não falo a sua língua
minha vida é diferente da sua
estou aqui de passagem

Esse mundo não é meu
esse mundo não é seu.

Nota:
Essa é a minha música.
A MINHA música.
É tão minha que penso que, se um dia me casar, certamente entrarei na igreja ao som dela.
Plena de delicadeza, de uma melodia comovente e pra lá de confortante...
Desde muito nova ADORO essa música que, depois de passados muitos anos, se tornou minha.
Tomei pra mim.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

"Na minha caixa, esta caixa..."

Aspecto geral: a bonequinha em cima é ruiva porque, à época, eu tingia os cabelos de vermelho.

Primeira divisória: destinada às menores coisas.

Parte maior: outra caixa, cartas e objetos.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

E afinal: no que consiste o tão falado livre arbítrio?

Livres para escolher
(Sérgio Britto - Tonny Bellotto)

Quanto mais olho, menos eu vejo
quanto mais ando, menos eu chego
quanto mais falo, menos eu digo
quanto mais tento, menos eu consigo

Vocês ainda vão se amar
ainda que tenham que cobrar pra se entregar

Quanto mais peço, menos eu ganho
quanto mais faço, menos eu acho
quanto mais quero, menos eu tenho
quanto mais penso, menos eu entendo

Vocês ainda vão se olhar
ainda que tenham que chorar pra se enxergar

Livres para escolher
prontos para a indecisão
livres para arriscar
prontos para a decepção
nada na bolso ou nas mãos

Quanto mais fujo, menos me escondo
quanto mais corro, menos alcanço
quanto mais leio, menos aprendo
quanto mais durmo, menos eu descanso

Vocês ainda vão se ouvir
ainda que tenham que gritar pra se escutar

Livres para escolher
prontos para a indecisão
livres para arriscar
prontos para a decepção
prontos pra contradição

Quanto mais olho, ando, falo, tento
quanto mais ando, menos eu chego
quanto mais falo, faço, quero, penso
quanto mais tento, menos eu consigo

Vocês ainda vão se amar
ainda que tenham que cobrar pra se entregar.

Nota:
Composição de Sérgio Britto e Tonny Bellotto que foi gravada pro álbum "Como estão vocês?", lançado em 2003, álbum este que considero muito bom.
Entre as músicas que mais gosto está essa, que pra mim consegue definir o que é livre arbítrio de uma maneira muito simples.
Somos todos livres para escolher?
Sabemos escolher?
Fazemos escolhas?
Somos escolhidos?
Somos induzidos a escolher?
...
Penso que até pra responder temos livre arbítrio (ou não).
Eu fico por aqui.