quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Fala

http://www.youtube.com/watch?v=H_wRpZelp2A

Eu não sei dizer nada por dizer
então, eu escuto
se você disser tudo o que quiser
então, eu escuto

Fala, lá lá lá lá lá lá lá lá lá

Se eu não entender, não vou esconder
então, eu escuto
eu só vou falar na hora de falar
então, eu escuto

Fala, lá lá lá lá lá lá lá lá lá.


"Quando a razão não fala
Põe o coração na boca.
E vive. Porque a hora certa de sentir
Não existe".
(Coração na boca; Fernanda Mello)

Nota:  a música tem letra de João Ricardo e Luli, e foi gravada originalmente por "Secos e Molhados".
A letra nem tanto, mas a melodia dessa música me encanta... passa uma sensação sem tamanho de paz e de plenitude.
Já o poema... foi feito pra mim.
Em homenagem ao meu apreço pelas entrelinhas...
Pra bom entendedor, isso é.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Verdade chinesa

http://www.youtube.com/watch?v=wHhjNm7d-Yk&feature=player_embedded

Era só isso que eu queria da vida
uma cerveja, uma ilusão atrevida
que me dissesse uma verdade chinesa
como a intenção de um beijo doce na boca
a tarde cai, noite levanta a magia
quem sabe a gente vai se ver outro dia
quem sabe o sonho vai ficar na conversa
quem sabe até a vida pague essa promessa

Tanta coisa a gente faz
seguindo o caminho que o mundo traçou
seguindo a cartilha quem alguém ensinou
seguindo a receita da vida normal
mas o que é vida, afinal?
Será que é fazer o que o mestre mandou?
É comer o pão que o diabo amassou, perdendo da vida o que há de melhor?

Senta, se acomoda, à vontade
tá em casa, toma um copo
dá um tempo, que a tristeza vai passar
deixa pra amanhã, tem muito tempo
que o que vale é o sentimento e o amor que a gente tem no coração.

Nota: composição de Carlos Colla e Gilson, gravada na incomparável voz de Emílio Santiago.
ADORO essa música.
É isso... deu saudades e a ouvi hoje várias e incansáveis vezes...
Melodia incrível, letra interessante... ADORO.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Coração na mão

Coração na mão.
É exatamente assim que eu me sinto: com o coração na mão e com as mãos atadas.
Redescobri hoje, dentro do meu coração, um amor que eu nunca deixei de sentir... um amor que, tão-somente, estava adormecido.
Sim: o amor que é amizade.
Eu sinto muito, muito, muito...
Queria poder encontrar você numa outra situação, daquele jeito que você nunca deixou de ser: cheia de energia, de sonhos, de criatividade... de amor.
E me dói não poder fazer nada e me sentir impotente diante de você, porque tudo que eu queria é que você não estivesse passando por isso, porque você não... você definitivamente não merece.
Minha amiga, minha irmã...
Das poucas pessoas nesse mundo nas quais eu não enxergo nem um traço de maldade, porque você é toda coração.
O que eu puder fazer, esteja certa: farei sem pensar duas vezes e, por você, faria qualquer coisa mil vezes.
O que me resta, além de mostrar-me de mãos estendidas, é torcer e rezar, porque eu sei que isso é uma fase.
Te amo muito, muito, muito!
Do fundo do meu coração!
Pra sempre.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Uma tentativa de auto-descrição

A intensidade em estado puro
Uma romântica incorrigível
Um certo sorriso de quem nada quer
O mistério dessa aliança na minha mão direita...
Sou muitas em uma só
O doce do mel, sem desprezar o amargo maldoso do fel
A força do amor
A luz da madrugada, o frio dos invernos cortantes
As folhas mortas, que caem no outono
O perfume das rosas que florescem na primavera
O calor castigante dos verões
Todas as estações e mais algumas, que somente a minha alma habitam
E que, por isso, só eu sinto
Sou o olhar puro, a palavra que conforta
O toque das mãos que surpreende e silencia
Sou alegria sem dimensão, mas também sou a tristeza que dilacera
Sou só coração, sou o mais puro amor
E os dois Is do meu nome, saiba
Dizem mais do que se pode imaginar: um é Intensidade, o outro é Inconstância
Por isso, pare e pense
Prossiga se achar conveniente
Eis aqui uma mulher que não se define
Eis aqui, mistério e magia
Suposições, insinuações, erros, enganos e reflexões acerca de tudo
Eis aqui um ser complexo, mas encantador
Mil pedaços de mulher, um romance a ser escrito
Eis aqui a essência do que chamam inesquecível.

Nota: poema escrito, conforme consta do editor, no dia 17/12/2006.
É... nada nada de lá pra cá foram três anos e nove meses.
Muito tempo? Não sei...
O que eu sei é que de lá pra cá mudanças significativas foram operadas...
Eu ainda tenho muito o que aprender e superar, isso é fato, mas penso que o primeiro passo já foi dado e pode ser que ele seja o mais importante, porque sair da inércia não é nada fácil.
Ah, sim... eu usava aliança nessa época e foi aos poucos que pratiquei o desapego: não só dela, mas de tudo o que ela representava. Sim, sim: eu a guardei. Não, não... não tenho a mínima pretensão de voltar a usá-la.

"Juro que não vai doer se um dia eu roubar o seu anel de brilhantes
afinal de contas, dei meu coração e você pôs na estante
como um troféu, no meio da bugiganga
você me deixou de tanga
AI DE MIM, QUE SOU ROMÂNTICA".
(Mutante, Rita Lee)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Burn!

Fogo e gasolina
(Pedro Luís / Carlos Rennó)

Você é um avião e eu sou um edifício


Eu sou um abrigo e você é um missil

Eu sou a mata e você é a moto-serra

Eu sou um terremoto e você a Terra.



O nosso jogo é perigoso, menina

Nós somos fogo

Nós somos fogo

Nós somos fogo e gasolina.



Você é o fósforo e eu sou o pavio

Você é um torpedo e eu sou um navio

Você é o trem e eu sou o trilho

Eu sou o dedo e você é o meu gatilho.



O nosso jogo é perigoso, menina

Nós somos fogo

Nós somos fogo

Nós somos fogo e gasolina

Nós somos fogo

Nós somos fogo

Nós somos fogo e gás.



Eu sou a veia e você é a agulha

Eu sou o gás e você é a fagulha

Eu sou o fogo e você é a gasolina

Eu sou a pólvora e você a mina.



O nosso jogo perigoso combina

Nós somos fogo

Nós somos fogo

Nós somos fogo e gasolina.


Instiga também a seguinte frase e o trecho da música que abaixo transcrevo:

"A vantagem de brincar com fogo é que se aprende a não se queimar". (Oscar Wilde)

"Eles acordam cedo
penetram nos pesadelos com hálito de assassino
sedução da violência
ou o tédio da vida eterna e o peso do amor divino
a fúria dos terroristas, a força dos visionários
a raiva em estado puro, qualquer louco sanguinário
se esconde aqui dentro, não tenho culpa
não solte fagulhas nesse incêndio
não creia na paz que eu passo, espere o momento
da minha resposta nesse ano sangrento".
(Se esconde aqui dentro; Leoni)

Brincar com fogo, às vezes, é a melhor das coisas.

domingo, 12 de setembro de 2010

Flores do mal

Flores do mal
(Roberto Frejat / Guto Goffi)

Não me atire num mar de solidão
você tem a faca, o queijo e o meu coração nas mãos
não me retalhe em escândalos
nem tampouco cobre o perdão
deixe que eu cure a ferida dessa louca paixão
que acabou feito um sonho
foi o meu inferno, foi o meu descanso
a mesma mão que acaricia, fere e sai furtiva
faz do amor uma história triste
o bem que você me fez
nunca foi real
da semente mais rica, nasceram flores do mal

Não me atire num mar de solidão
você tem a faca, o queijo e o meu coração nas mãos
não me retalhe em escândalos
nem tampouco cobre o perdão
deixe que eu cure a ferida dessa louca paixão
não me esqueça por tão pouco
nem diga adeus por engano, mas é sempre assim
a mesma mão que acaricia, fere e sai furtiva
faz do amor uma história triste
o bem que você me fez
nunca foi real
da semente mais rica, nasceram flores do mal.


Sentado à beira do caminho
(Roberto Carlos / Erasmo Carlos)

Eu não posso mais ficar aqui a esperar
que um dia, de repente, você volte para mim
vejo caminhões e carros apressados a passar por mim
estou sentado à beira de um caminho que não tem mais fim
meu olhar se perde na poeira dessa estrada triste
onde a tristeza e a saudade de você ainda existe
esse sol que queima no meu rosto um resto de esperança
de ao menos ver de perto seu olhar que eu trago na lembrança

Preciso acabar logo com isso
preciso lembrar que eu existo
que eu existo, que eu existo

Vem a chuva, molha o meu rosto e então eu choro tanto
minhas lágrimas e os pingos dessa chuva se confundem com meu pranto
olho pra mim mesmo e procuro, e não encontro nada
sou um pobre resto de esperança à beira de uma estrada
carros, caminhos, poeira, estrada
tudo, tudo se confunde em minha mente
minha sombra me acompanha e vê que eu estou morrendo lentamente
só você não vê que eu não posso mais ficar aqui sozinho
esperando a vida inteira por você, sentado à beira de um caminho.

Preciso acabar logo com isso
preciso lembrar que eu existo
que eu existo, que eu existo.

Vou dispensar comentários porque as duas canções já dizem por mim.
É isso.

sábado, 11 de setembro de 2010

Adendos

(1) 11/09/2010: hoje faz dois anos que Pedro Henrique Queiroz foi assassinado.
O encontro na casa da família ontem foi muito emocionante.
As orações foram muito boas.
A esperança ainda vive e grita: a justiça há de ser feita. Precisa ser feita.

(2) Sair, mesmo quando a vontade é de ficar em casa, pode ser a melhor das opções.
Metrópolis ontem rendeu muita conversa boa, risada e diversão.
Diversão é solução pra mim.

"Saudações a quem tem coragem
aos que estão aqui pra qualquer viagem
não fico esperando a vida passar tão rápido
A FELICIDADE É UM ESTADO IMAGINÁRIO!"

(3) Um telefonema muda tudo. Gêmea, obrigada por ser GÊMEA!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

"Diga lá, meu coração..."

Diga lá meu coração


(Gonzaguinha)



São coisas dessa vida tão cigana

Caminhos como as linhas dessa mão

Vontade de chegar, e olha eu chegando

E vem essa cigarra no meu peito já querendo ir cantar n’outro lugar

Diga lá, meu coração, da alegria de rever essa menina

E abraça-la, e beija-la

Diga lá, meu coração, conte as histórias das pessoas

Nas estradas dessa vida

Chora essa saudade estrangulada

Fale: “Sem você não há mais nada”

Olhe bem nos olhos da morena e veja lá no fundo a luz daquela primavera

Durma qual criança no seu colo

Sinta o cheiro forte do teu solo

Passe a mão nos seus cabelos negros, diga um verso bem bonito e de novo, vá embora

Diga lá, meu coração, que ela está dentro em meu peito e bem guardada

E que é preciso, mais que nunca, prosseguir

Espere por mim, morena

Espere que eu chego já

O amor por você...





Se um dia você sentir vontade de chorar, vem correndo, aqui, pros meus braços

Amo-te tanto que nem sei ao certo dizer se isso é mesmo amor, parece até mais que amor.

 
Nota: consta do editor que este "poema" foi redigido no dia 13/10/2005.
Trata-se de uma canção composta por Gonzaguinha, chamada "Diga lá, meu coração". Composição essa plena de delicadeza. Abaixo, as duas frases, são minhas. A letra acima transcrita serviu de inspiração (e como!).
À época, as composições de Gonzaguinha se fizeram extremamente presentes na minha vida, principalmente "Grito de alerta", uma das músicas que mais me comove.
Ainda me lembro (e bem!) pra quem e qual a circunstância a que ele se refere... e lembro com carinho.
Quantas saudades... quantas saudades.

Revival nº II

Engraçada e suspeita é a sensação que agora me toma: difícil de se definir.


É solidão. Solidão.

Solidão, a palavra em si, remete à imagem de tristeza, de ser ou estar sozinho, ou seja, sem companhia...

O que me acompanha nessa noite de sábado em que resolvi estar em casa por falta de outra possibilidade, é um copo de coca cola light com gelo e Buchanan’s. Não devo desmerecer: é uma bela companhia.

As divagações que tomaram conta do meu pensamento hoje, em decorrência dessa solidão etílica, me trouxeram a lembrança de uma música que há muito tempo ouvi no rádio. É uma música antiga e que, não por isso mas de certo por falta de mais recursos, não consigo encontra-la, nem ao mesmo sua letra, embora me lembre de algumas frases. Uma delas, a que mais me marcou, dizia: “No telefone, digo alô à solidão...”

Isso diz tudo.

No telefone, sem ter a quem atender, digo alô ao meu estado de espírito que é sempre solitário, é sempre esquecido, ingrato, sofrido... só.

Adjetivando muito, nem sempre é necessário pra que se consiga dimensionar melhor ou sensibilizar melhor o que me traduz o sentimento de solidão. Cada pessoa sente e sofre de um jeito, ou melhor, devo dizer que cada pessoa sente e sofre (ou não) do seu próprio jeito, com drama ou não, com vontade ou não, com culpa ou não.

É certo que estar sozinha enquanto se deveria, pelo menos pela circunstância do costume convencionado de se sair pra se divertir num sábado a noite, traz pensamentos que muitas vezes tendemos, com todas as nossas forças (ou não), afastar. E eu penso... não nego. Penso e não me reprimo por pensar. Eu sei que tenho o direito de pensar e de querer pensar em pensar em tudo o que fez parte do meu passado, principalmente de um passado que hoje ainda se configura presente. Um presente de uma relação que eu abandonei sem olhar pra trás, e que hoje me causa um sentimento estranho, uma raiva de mim mesma por não ter dito, gritado, escancarado, esfregado a mão na cara de quem me fez mal, como quem dá um tapa na cara com direito a estalo, estardalhaço e platéia. Que seja demonstração de fraqueza, que seja infantilidade e prova inconteste de imaturidade: é algo que ainda me incomoda.

Quando eu páro e penso em tudo, me sinto traída, enganada, rejeitada, humilhada... mas quando quero analisar melhor isso tudo, procuro nos detalhes que foram importantes a grandeza de mim que emprestei à essa relação que, mesmo antes de começar (se é que existiu alguma relação), era fadada ao fracasso. É certo que a solidão que é deixada em troca da presença que já existiu e já deu cor à vida, não é nada apreciável e querida, mas existe e subsiste. É importante aprender a aceita-la a acreditar que não se morre por senti-la como companhia. Sim, a solidão como companhia. Essa companhia traz consigo também a capacidade humana individual de questionarmos tudo, inclusive o fato de estarmos questionando.

É importante que tenhamos tempo, disposição e coragem pra nos ouvir de vez em quando... isso é importante e necessário. Ouvir o pranto engasgado que não derramamos naquele dia porque estávamos sendo observados, porque havia gente demais por perto. Ouvir o estouro que rompe o peito, quando o coração sente e clama por amor... e clama pelo amor que dá de graça, sem cobrar, e que espera de volta... na ingenuidade e castidade dos mais puros sentimentos. Ouvir as sábias palavras que as pessoas nos dizem e que não assimilamos. Ouvir as imagens do óbvio, que gritam e se movimentam incessantemente diante de nós mesmos e que insistimos em ignorar por sermos ignorantes e, pra depois, nos arrependermos de não termos parado naquele ponto e pensado se devíamos ou não prosseguir. Naquele momento, ainda havia a possibilidade de se fazer a escolha certa, agora, já é tarde demais.

O arrependimento e a dor que não deveriam existir e que podiam ser evitados, se tivéssemos sido mais cautelosos e mais responsáveis com os nossos próprios corações, torna-se inevitável e põe-se de pé diante de nossa imagem, imponente e cruel, vil em sua essência. E é sozinhos que enfrentamos. Sozinhos. A luta é solitária, numa caminho comprido e cheio de armadilhas. É o preço que se paga por esperar demais, por acreditar demais, por ser suscetível demais... por apaixonar-se e oferecer o próprio coração numa bandeja. Tudo tem seu preço nessa vida, eis a grande lição.

Não é função da vida materializar os sonhos que semeamos. É função da vida tão-somente seguir o seu curso. Lembro-me agora do meu livro de Ciências da 1ª série, que esquematizava a vida dos seres vivos da seguinte maneira: Nasce, cresce, reproduz-se e morre. Existem variações, inclusive na ordem ou no não-acontecimento das duas fases intermediárias, mas os extremos não mentem e não se desviam do que lhes foi imposto. O destino é um só. Estamos todos de passagem. E estamos todos, sempre, esperando alguma coisa ou alguém. Sempre. Todo dia, toda hora. E cabe a mim afirmar, por ter a certeza, que as esperas solitárias são sempre mais produtivas e ricas, se não sempre, na maior parte das vezes. A tendência, em mim, é essa.


Nota: texto redigido no dia 18/05/2007.
Consta do editor essa data, mas acredito que tenha sido redigido antes disso, porque posteriormente efetuei correções e salvei, motivo pelo qual consta do arquivo a data acima informada.
É um dos textos que eu mais gosto, por sua densidade e por tudo o que ele representa.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Revival nº I

Eu apenas queria que você soubesse


que aquela alegria ainda está comigo

e que a minha ternura não ficou na estrada, não ficou no tempo presa na poeira



Eu apenas queria que você soubesse

que esta menina hoje é uma mulher

e que esta mulher é uma menina

que colheu seu fruto, flor do seu carinho

eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta

que hoje eu me gosto muito mais, porque me entendo muito mais também

e que a atitude de recomeçar é todo dia, toda hora

é se respeitar na sua força e fé

e se olhar bem fundo, até o dedão do pé



Eu apenas queira que você soubesse

que essa criança brinca nesta roda

e não teme o corte de novas feridas

pois tem a saúde que aprendeu com a vida.

(Eu apenas queria que você soubesse; Gonzaguinha)





Apesar de adorar esta música, resolvi colocá-la aqui, neste post de hoje, pra servir de ilustração, uma vez que a frase: "Eu apenas queria que você soubesse" tem estado presente na minha vida de uns tempos pra cá mais do que nunca...

Embora o que eu tenha pra dizer não caiba perfeitamente nesta frase, por ser coisa demais, a sensação que esta mesma frase me passa é de alerta, é de alguém que chama a atenção pra si, como se dissesse: "Olha aqui, apesar de tudo, eu só queria que você soubesse...", e por aí vai. Eu tenho muito a dizer. Quanto a isso, não tenho a mínima dúvida.

Não tenho o que cobrar, porque não se cobra pelo que se dá de graça, mesmo quando o que é dado configura um sentimento nobre. Também é passado a fase de passar recibo aos quatros cantos e esconder lágrimas que já foram vistas por todos... Chega.

Agora, o que espero, de coração, é que exista ainda, por traz de tantos desencontros, perguntas não respondidas, sentimentos não-compatíveis, um último suspiro de bom senso e de dignidade, um mínimo de respeito e consideração, e eu me sinto no direito de esperar pelo menos isso de você. Pelo menos isso: um pouco de respeito. Pelo menos uma vez na vida, um pouco menos de egoísmo... Quem já esperou o tempo que eu fui capaz de esperar, na esperança incessante de que tudo, um dia, se ajeitasse, não tem mais pressa de muita coisa... E eu espero o tempo que for necessário. Pode ser que o destino não seja generoso conosco, mas eu desejo que haja tempo pra tudo, no que diz respeito às contas que ainda não acertamos, às cartas que não trocamos e entre tantas outras coisas... Ainda há em mim, por incrível que isso possa parecer, uma certa esperança de que você um dia entenda do que eu fui capaz de fazer por você, de toda a minha generosidade sem tamanho com você... Espero, ainda, que você também desperte para o fato de que, em contrapartida, o que veio de você nunca foi o que mereci, era sempre abaixo do que eu mereci, mas não quero parecer contraditória ou paradoxal, até mesmo porque eu mesma citei acima que não devemos cobrar pelo que damos de graça. É bem verdade que eu me iludi demais. Sim, eu ME iludi... Por acreditar que qualquer mínima demonstração de carinho, de apego fosse um sentimento "a mais" se manifestando... É bem verdade também que o que eu pude fazer pra que tudo desse certo entre nós dois, eu fiz. E fiz não poupando suor, nem sangue nem lágrima... Eu fiz com a força da alma, eu realmente acreditei. Eu realmente me enganei, eis a verdade absoluta dos fatos. Hoje, de todo o coração, por mais que há quem duvide disso (eu não tenho que provar NADA pra ninguém), eu desejo a você toda a felicidade do mundo... Uma completa e total realização, um futuro pleno de felicidades. Não era mesmo pra dar certo e eu levei tempo demais pra me convencer, a duras penas, de que o certo, era isso... O tempo trouxe? Ele leva. Ele levou? Traz depois, muitas vezes algo capaz de nos surpreender. E o tempo me ensinou a ser paciente e generosa o bastante pra saber esperar e acreditar que exista grandeza em todas as pessoas, inclusive nas que nos demonstram sentimentos medíocres... E eu espero, eu ainda acredito que haverá uma reflexão, mais cedo ou mais tarde, vinda de você. Eu espero por esta reflexão.

Eu apenas queria que você soubesse que eu não sou orgulhosa e nem mentirosa o bastante pra afirmar que saio ilesa de tudo isso, porque muita coisa me atingiu e me feriu em carne viva... Mas eu apenas queria que você soubesse que isso tudo me faz uma pessoa melhor, mais capaz, mais íntegra, mais digna, porque tudo isso não levou nada de mim... Eu apenas queria que você soubesse que eu vou sobreviver. Já não passo mais recibo, já não choro pelos cantos da casa, já não acordo e durmo pensando, recorrentemente, em você. Há, ainda, muito pra ser dito.

Nota: mal traçadas linhas redigidas no ano de 2006. Sim, 2006.


Trata-se, sim, de um desabafo solitário que mais parece uma carta, embora nunca tenha sido uma carta: não foi entregue ao destinatário.

O tempo já se encarregou de cobrir essa história de poeira. Hoje, não passa de uma recordação.

Recordação que tenho com carinho e com estima.

Pra sempre.

Nunca digno de ser esquecido.

Recomeçar: porque seguir em frente ainda é a melhor opção.

"Desejo
que você tenha a quem amar
e quando estiver bem cansado...
que ainda exista amor pra recomeçar
pra recomeçar".
(Poema de Vítor Hugo adaptado por Roberto Frejat na canção "Amor pra recomeçar")

Reporto pertinente, antes de qualquer outra consideração a ser feita, transcrever aqui o que eu postei mais cedo no twitter (/marilia_gavin): "Ponto final: não o postergue. Evite a dor. Chute o sofrimento. Aprenda a perder".
Antes disso, houve uma súplica: "Alguém, por favor, me salve. De mim mesma. Da minha própria inconstância. Da minha impulsividade. Do meu abandono de mim mesma".
É engraçado que é sempre muito fácil aconselhar outra pessoa com relação aos percalços amorosos a que estamos todos sujeitos e o quão complicado isso se torna quando o envolvido no dilema é a gente mesmo.
Sabe aquela máxima, que é tão batida mas ao mesmo tempo tão real? A que me vem à mente é a que diz que o que não tem remédio, remediado está. É isso mesmo: remediado está.
Há quem não acredite, mas eu não tenho a mínima dúvida de que nada acontece por acaso. Absolutamente nada. Tudo tem seu tempo, tudo tem sua duração. Lutar contra isso é, assim como Drummond já havia dito sobre lutar com palavras, é a luta mais vã.
Por assim ser e por saber que há vida demais lá fora e que todo o sofrimento um dia se desfaz no ar, não há melhor alternativa senão seguir em frente.
Eu tenho mais é que agradecer a Deus por ser, além e apesar de tudo, uma persistente incorrigível. Não dessas que nem sequer se deixa abater: mas daquelas que se deixa abater, sim, mas reluta, acredita, persevera, investe e volta a olhar pra si, antes de olhar pra qualquer outra pessoa, porque a solução não está em ninguém além de mim.
Este é o primeiro de muitos outros posts, quero crer.
Terei, aqui, a oportunidade de mostrar, a quem interessar possa, pedaços de mim. Detalhes, revelações, defeitos e características, que podem ser assustadoras, mas que também podem ser encatadoras.
Espero que gostem!
Bom dia, vida!
Hoje é 2ª feira e eu já sou uma pessoa mais feliz.
Que venha a vida!