domingo, 19 de dezembro de 2010

Amor com amor se paga

http://www.youtube.com/watch?v=dlzvBpUSo0M&feature=related

Quando a chuva passar
(Ramón Cruz)

Pra que falar
se você não quer me ouvir?
Fugir agora não resolve nada

Mas não vou chorar
se você quiser partir
às vezes a distância ajuda
e essa tempestade um dia vai acabar

Só quero te lembrar
de quando a gente andava nas estrelas
nas horas lindas que passamos juntos

A gente só queria amar e amar
e hoje eu tenho certeza
a nossa história não termina agora
e essa tempestade um dia vai acabar.

Quando a chuva passar,
quando o tempo abrir,
abra a janela e veja,eu sou o sol
eu sou céu e mar
eu sou céu e fim
e o meu amor é imensidão.

Nota:
É de Erasmo Carlos uma música que eu gosto muito e que assim diz: "Quando o dilúvio passar, nada vai justificar quanto tempo nós perdemos, quanto amor nós não fizemos..."
Acho essa frase belíssima...
Entre outras coisas, viver é mágico.
Viver é fúria e folia rumo ao mágico, como bem definiu Frejat e Jorge Salomão na letra de "Fúria e folia", música do Barão Vermelho que eu também adoro.
Conviver, conhecer, observar, interagir, trocar experiências, ouvir...
Isso tudo é MUITO BOM.
Isso tudo muito acrescenta.
Eu tenho sempre tanto pra falar, tanto pra agradecer...
Falo tanto com os olhos, estabeleço verdadeiros diálogos com olhares e, quem me conhece, interpreta pequenos sinais dando a eles a dimensão que lhes é devida.
Amigos, abraços, ombros, corações, gargalhadas, lágrimas, barulho e silêncio: isso tudo não tem preço.
Amor com amor se paga.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

"O que eu sinto é tão simples: sonho com você!"

http://www.youtube.com/watch?v=yA21Q0LRVlI

Mil perdões
(Chico Buarque)

Te perdôo
por fazeres mil perguntas
que, em vidas que andam juntas, ninguém faz

Te perdôo
por pedires perdão
por me amares demais

Te perdôo
te perdôo por ligares
pra todos os lugares de onde eu vim

Te perdôo
por ergueres a mão
por bateres em mim

Te perdôo
quando anseio pelo instante de sair
e rodar exuberante, me perder de ti

Te perdôo
por quereres me ver
aprendendo a mentir
(te mentir, te mentir)

Te perdôo
Por contares minhas horas
nas minhas demoras por aí

Te perdôo
te perdôo porque choras, quando eu choro de rir
te perdôo por te trair.

Nota:
Trilha sonora do meu sonho de hoje, durante a tarde.
Eu que não costumo sonhar sequer de noite, dormi de tarde e tive um sonho encantado, com direito a começo, meio, final feliz e trilha sonora das melhores.
Acordei apaixonada, plena...
Nunca desejei tanto que um sonho se tornasse realidade e nunca tive num sonho tantos elementos de realidade.
Curioso, interessante, surpreendente...
Vou transcrever aqui  parte da conversa que eu tive com a minha gêmea sobre esse sonho.
Penso que, nessa conversa, o descrevi bem...

Marília diz:
Cheguei do TJ e desmaiei
Gêmea, tive um sonho lindo... (L)
(...)
Tava lá, abri uma revista, aí logo em seguida, ele chegou acompanhado d um rapaz
E eu escondendo atrás da revista, até q ele me viu...
E ele tava usando aliança de ouro
E no sonho ele dizia q era d um relacionamento do passado
E eu fiquei super c a pulga atrás da orelha
C medo d ter me envolvido c um cara compromissado
Mas essa questão n ficou explicada...
O q eu sei é q num dado momento ele veio conversar comigo e começou a tocar MIL PERDÕES, do Chico Buarque
Pira?!
E eu cantando junto c a música, dando murro c os punhos cerrados na parede...
E ele do meu lado, me observando
Catharina diz:
nossa, no sonho?
que lindo
Marília diz:
Aí, ele pega e me beija, e me beija, e me beija
E me beija
Nossa...
Eu fiquei encantada
Coisa mais... encantada mesmo

Obs.: (...) frase suprimida para evitar maiores caracterizações.


"Sonhos são seus olhos
abertos, bárbaros
sempre os mesmos sonhos
despertos, tão perto..."
(Pérola; RPM)

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O que afigura-se inexplicável, é apenas passível de se sentir.

http://www.youtube.com/watch?v=T_seMS5GHe4

Vapor barato / Flor da pele
(Waly Salomão - Jards Macal - Zeca Baleiro)

Oh, sim, eu estou tão cansado
mas não pra dizer
que eu não acredito mais em você
com minhas calças vermelhas
meu casaco de general
cheio de anéis

Vou descendo por todas as ruas
e vou tomar aquele velho navio
eu não preciso de muito dinheiro, graças a Deus
e não me importa, honey

Minha honey baby
baby, honey baby
oh, minha honey baby
baby, honey baby

Oh, sim, eu estou tão cansado
mas não pra dizer
que eu tô indo embora
talvez eu volte
um dia eu volto
mas eu quero esquecê-la
eu preciso

Oh, minha grande
oh, minha pequena
oh, minha grande obsessão
Oh, minha honey baby
baby, honey baby
oh, minha honey baby
honey baby, honey baby, ah

Ando tão à flor da pele
que qualquer beijo de novela me faz chorar
ando tão à flor da pele
que teu olhar, flor, na janela me faz morrer
ando tão à flor da pele
que meu desejo se confunde com a vontade de não ser
ando tão à flor da pele
que a minha pele tem o fogo do juízo final.

Um barco sem porto, sem rumo, sem vela.
Cavalo sem sela.
Um bicho solto, um cão sem dono, um menino, um bandido,
às vezes me preservo, noutras suicido.

Nota:
Fiquei emocionada ao saber que a letra dessa música é do poeta Waly Salomão, concretista brasileiro dos melhores.
Da sua obra, destaco o poema "Balada de um vagabundo", composição assinada em parceria com Cazuza e Frejat e gravada por Cazuza no primeiro álbum solo deste, álbum este cuja música de trabalho ou, como bem denomina Eduardo Dusek "boi de piranha", foi "Exagerado", hit que dispensa qualquer comentário.
"Balada de um vagabundo" traz em sua composição três frases que muito me agradam, quais sejam:
"Um vício só, pra mim, não basta. É uma inflação de amor incontrolável".
Inflação de amor... isso não é deslumbrante? Adorei essa construção.
Adiante, a frase aparece assim: "Um vício só pra mim é pura cascata!" Repare na mudança do significado que foi operada nas frases.
A terceira, é a seguinte: "Maracujá de gaveta, num prédio vazio, num terreno baldio: sepultado e, logo após, abandonado".
Coisa pra concretista admirar e entender.
Bom, quanto à letra em questão, o que eu tenho a dizer é que considero essa música de uma beleza sem tamanho e muito densa.
Obsessões... eu entendo bem disso...
Não que isso seja bom, isso é apenas uma constatação: entendo de obsessões.
Nelson Rodrigues se definia como uma flor de obsessão e eu tomei pra mim o direito de também assim me definir. Achei pertinente e me coloquei a imaginar como seria uma flor de obsessão...
Seria uma rosa, certamente, cujas pétalas teriam um brilho capaz de ofuscar a visão. Atrair, seduzir... Seria vermelha: cor de sangue. Teria um perfume escandaloso, desses de desafiar a ciência a explicar o estranho efeito que toma de assalto os homens que se aproximam para senti-lo.
Uma flor de obsessão.
Uma dessas intensidades arrebatadoras, inexplicáveis.
O que afigura-se inexplicável, é apenas passível de se sentir.
Pra concluir, "Flor da pele", no fim, assim diz: "Às vezes, me preservo. Noutras, suicido".
É o preço que se paga pela intensidade.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

À minha gêmea, com amor.

http://www.youtube.com/watch?v=lCugQjzF7zc

"Tem sempre alguém querendo ouvir os meus problemas
tem sempre me perguntando como eu tô
e nem adianta dizer: 'Não houve nada'
talvez pareça que eu tô sempre cansada

Todo mundo quer cuidar de mim
e, na verdade, o que eu quero é sair
todo mundo quer cuidar de mim
e, na verdade, o que eu quero é cair".
(Todo mundo quer cuidar de mim; Paula Marchesini)

Comoção.
Eu escrevo agora sobre uma irmã que a vida me deu.
Gêmea.
Cinco anos mais nova e maravilhosa: plena.
É uma inspiração, um modelo.
Tenho por ela profunda admiração.
E carinho, e amor...
E tudo aquilo que não se nomina, porque as palavras são insuficientes pra descrever o que olhares, gargalhadas e lágrimas tão facilmente traduzem em determinados momentos.
E todo o conforto que abraços verdadeiros trazem consigo: preenchem e consolam.
Não tenho palavras pra agradecer e, nem que eu vivesse mil anos e fizesse por você tudo o que você fez por mim, eu agradeceria de forma satisfatória.
O que eu queria que você soubesse é que agradeço a Deus pela sua presença na minha vida, porque você, gêmea, faz toda a diferença.
Você veio pra somar, pra ensinar, pra dividir... Pra integrar.
Você é amor, atenção, carinho, solidariedade, consideração, presença.
A vida nos fez, por meio de um encontro que a gente sabe que não foi nada por acaso, gêmeas!
Pra sempre no meu coração e na minha vida!
Te amo demais, demais, demais!
Demais e pra sempre, só que esse pra sempre não acaba.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Uma coisa de cada vez

http://www.youtube.com/watch?v=anFxDsg20KE

Todo o sentimento
(Chico Buarque)

Preciso não dormir
até se consumar
o tempo da gente
preciso conduzir
um tempo de te amar
te amando devagar e urgentemente
pretendo descobrir
no último momento
um tempo que refaz o que desfez
que recolhe todo sentimento
e bota no corpo uma outra vez
prometo te querer
até o amor cair
doente, doente
prefiro então partir
a tempo de poder
a gente se desvencilhar da gente

Depois de te perder
te encontro com certeza
talvez num tempo da delicadeza
onde não diremos nada
nada aconteceu
apenas seguirei
como encantado ao lado teu

Depois de te perder
te encontro com certeza
talvez num tempo da delicadeza
onde não diremos nada
nada aconteceu
apenas seguirei
como encantado ao lado teu.

Nota:
"Pretendo descobrir no último momento um tempo que refaz o que desfez, que recolhe todo sentimento e bota no corpo uma outra vez".
Curioso, mas essa frase me remete a um trecho de "Caixa de carbono", poema de Lucivânia Fernandes, no qual, entre outras coisas, diz:
"Todas essas coisas, carne, eletricidade, desejo, tempo, o espaço vazio da cama, o silêncio atroz do telefone,
recolhi.
Não um banquete de traças ou os tesouros de uma namorada velha,
que remenda rugas e retalhos,
mas um amor ainda jovem e imaturo,
preso na sua própria eternidade e gestação.
Na minha caixa, esta caixa: cérebro, papel, ou útero,
nem arca, nem armário, nem gaveta, nem baú...,
a poesia inquieta e impura
do que não vivi,
das coisas jogadas fora
de Manoel de Barros,
os males todos de Pandora,
esse amor imprestável, desperdiçado,
desgraçado e inútil,
molécula de carbono
com que seria possível
recomeçar o mundo".

Recolher, guardar, eternizar... tornar memória.
Passemos às frases desconexas...
A fragilidade é saudável quando faz refletir e traz entendimento.
Se sentir vontade de chorar, chore: não deixa de ser um meio eficaz de extravazar a dor.
Goste mais de si próprio e entenda que os seus problemas só você pode resolver.
Compreenda que as mágoas e os problemas dos outros não são problemas seus: cada um com o seu pesar.
Enxergue-se nitidamente: se dizem que você é admirável e tem muito mais virtudes que vícios, por quê insistir em acreditar no contrário? Chega de auto-sabotagem.
Uma coisa de cada vez? Sim, sim...
Uma coisa de cada vez pra ser cada vez melhor e, por fim, enxergar-se inteira e plena: apta a reconhecer-se.
Estou ensaiando o primeiro passo.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

"Nem sempre tem vento, mas sempre tem jeito pra dar, quando se trata de vida ou de morte"

Corre corre
(Rita Lee - Roberto de Carvalho)

O ano passado passou tão apressado
e eu sei
que foi um corre, corre, corre danado
o ano inteiro eu passei sem dinheiro
e eu sei
que foi um tal de segurar essa peteca no ar
como se fosse empinar papagaio

Nem sempre tem vento, mas sempre tem jeito pra dar
quando se trata de vida ou de morte
e se não me engano, no próximo ano vai vir
aquela dose de cicuta que eu vou ter que engolir
como se fosse um suco de fruta
como se fosse eu a grande maluca

Corre, corre, corre
corre, corre, corre.

Nota:
2010 até agora tem sido um ano de muitas lágrimas.
Muito esforço recompensado, muitas conquistas, muitas escolhas...
MUITO APRENDIZADO, e tudo aquilo que não se dissocia do aprendizado.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

"Romântico é uma espécie em extinção"

De todas as maneiras
(Chico Buarque de Hollanda)

De todas as maneiras que há de amar
nós já nos amamos
com todas as palavras feitas pra sangrar, já nos cortamos

Agora, já passa da hora
tá lindo lá fora
larga a minha mão
solta as unhas do meu coração, que ele está apressado
e desanda a bater desvairado quando entra o verão

De todas as maneiras que há de amar
já nos machucamos
com todas as palavras feitas pra humilhar, nos afagamos

Agora, já passa da hora
tá lindo lá fora
larga a minha mão
solta as unhas do meu coração, que ele está apressado
e desanda a bater desvairado quando entra o verão.

Nota:
ADORO essa música.
Na minha opinião, das mais belas canções de Chico.
Densa e intensa que só ela. Não poderia ser diferente: define o amor.
Fala sobre amar.
Especialmente a parte que diz que "com todas as palavras feitas pra humilhar, nos afagamos" eu acho belíssima...
Por amar demais, por querer demais, por desejar demais, há quem se defenda agredindo, humilhando... e logo em seguida, tomado por um arrependimento brutal, volta atrás e pede perdão, afaga, acaricia, se retrata...
Tão difícil pra uns e outros entender e, pra mim, tão simples...
Isso também é amor.
Amor não é só carinho, delicadeza, felicidade... é discórdia, dor e agressão também.
Cada pessoa sente e manifesta (ou não) do seu próprio jeito o amor que sente.
O que a gente sabe do amor é só do amor que a gente sente (e olhe lá...)
Apesar de toda a dor que pode haver, amar me faz muito muito muito bem.
Romântico, como já dizia Vander Lee, é uma espécie em extinção.

http://www.youtube.com/watch?v=qhSrmV-YDO8

"Românticos são poucos
românticos são loucos desvairados
que querem ser o outro
que pensam que o outro é o paraíso
românticos são lindos
românticos são limpos e pirados
que choram com baladas
que amam sem vergonha e sem juízo

São tipos populares que vivem pelos bares
e mesmo certos vão pedir perdão
e passam a noite em claro
conhecem o gosto raro
de amar sem medo de outra desilusão

Romântico é uma espécie em extinção
romântico é uma espécie em extinção".

terça-feira, 9 de novembro de 2010

"Estou aqui de passagem"

http://www.youtube.com/watch?v=N3GWwCAsqUA

Eu não sou da sua rua
(Arnaldo Antunes - Branco Mello)

Eu não sou da sua rua
eu não sou o seu vizinho
eu moro muito longe, sozinho
estou aqui de passagem

Eu não sou da sua rua
eu não falo a sua língua
minha vida é diferente da sua
estou aqui de passagem

Esse mundo não é meu
esse mundo não é seu.

Nota:
Essa é a minha música.
A MINHA música.
É tão minha que penso que, se um dia me casar, certamente entrarei na igreja ao som dela.
Plena de delicadeza, de uma melodia comovente e pra lá de confortante...
Desde muito nova ADORO essa música que, depois de passados muitos anos, se tornou minha.
Tomei pra mim.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

"Na minha caixa, esta caixa..."

Aspecto geral: a bonequinha em cima é ruiva porque, à época, eu tingia os cabelos de vermelho.

Primeira divisória: destinada às menores coisas.

Parte maior: outra caixa, cartas e objetos.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

E afinal: no que consiste o tão falado livre arbítrio?

Livres para escolher
(Sérgio Britto - Tonny Bellotto)

Quanto mais olho, menos eu vejo
quanto mais ando, menos eu chego
quanto mais falo, menos eu digo
quanto mais tento, menos eu consigo

Vocês ainda vão se amar
ainda que tenham que cobrar pra se entregar

Quanto mais peço, menos eu ganho
quanto mais faço, menos eu acho
quanto mais quero, menos eu tenho
quanto mais penso, menos eu entendo

Vocês ainda vão se olhar
ainda que tenham que chorar pra se enxergar

Livres para escolher
prontos para a indecisão
livres para arriscar
prontos para a decepção
nada na bolso ou nas mãos

Quanto mais fujo, menos me escondo
quanto mais corro, menos alcanço
quanto mais leio, menos aprendo
quanto mais durmo, menos eu descanso

Vocês ainda vão se ouvir
ainda que tenham que gritar pra se escutar

Livres para escolher
prontos para a indecisão
livres para arriscar
prontos para a decepção
prontos pra contradição

Quanto mais olho, ando, falo, tento
quanto mais ando, menos eu chego
quanto mais falo, faço, quero, penso
quanto mais tento, menos eu consigo

Vocês ainda vão se amar
ainda que tenham que cobrar pra se entregar.

Nota:
Composição de Sérgio Britto e Tonny Bellotto que foi gravada pro álbum "Como estão vocês?", lançado em 2003, álbum este que considero muito bom.
Entre as músicas que mais gosto está essa, que pra mim consegue definir o que é livre arbítrio de uma maneira muito simples.
Somos todos livres para escolher?
Sabemos escolher?
Fazemos escolhas?
Somos escolhidos?
Somos induzidos a escolher?
...
Penso que até pra responder temos livre arbítrio (ou não).
Eu fico por aqui.

domingo, 31 de outubro de 2010

Hoje, não passa de lembrança.

“Mas eu não sou daqui, marinheiro só
Eu não tenho amor...
Eu sou da Bahia, de São Salvador...”



Na verdade, o que tenho é só amor
sou todo amor
agora, mais que amor, sou saudade
sou desejo de você
suplico pela sua presença aqui
vontade de te ter aqui, ao meu lado
de sentir seu cheiro bom
seu calor, seu desejo
seu sangue quente que faz o meu ferver,
entrar em ebulição
mas nunca sublimar.
Sou desejo da sua voz chamando pelo meu nome
sou a inquietação de suas mãos tocando meu corpo com vontade
sou a intensidade em estado puro
que clama, grita, explode no peito.
Sou aquela vontade louca de você
e a minha pele sabe bem o que digo
ela sim, tem memória de elefante
se lembra do que sinto quando nos beijamos e declaramo-nos sãos
eu, mais mulher que agora
mais viva que agora
imortal nos meus sentidos quando despertados por você.
Sou o sorriso de quem nada quer
sorriso que mente, porque eu sei
eu muito quero
eu tudo quero
e quero com você, mesmo sabendo que não é certo
porque o que quero mesmo é poder gritar, é poder querer, é poder sentir
e isso, só com você eu posso.
Muito mulher, mas ainda menina, te espero
pra despertar os meus raios todos de mulher
e te mostrar que eu posso, mas você não vai poder me esquecer.


Nota: é uma pena que do editor não conste a data correspondente à redação deste poema, que foi posteriormente editado, o que impossibilita que eu informe aqui a data em que foi redigido, mas acredito que isso tenha ocorrido em setembro de 2006.
Esse poema foi escrito numa folha de bloco do hotel no qual eu estava hospedada na ocasião de uma viagem que fiz com meu pai, com destino à São Paulo.
Pouco tempo se passou e esse relacionamento foi desfeito, mas devo reconhecer que apesar de toda a dor, muito me ensinou.
Esse poema é herança de um momento daqueles em que a inspiração se dá de forma muito intensa.
Foi a mais arrebatadora de todas as paixões que já vivi até hoje, certamente...
Não um amor mal vivido... não chegou a ser amor.
Durante muito tempo permaneceu, essa relação, na condição de paixão mal resolvida.
Hoje, não passa de lembrança.

domingo, 24 de outubro de 2010

"... que toda noite será eterna como no sonho que insistimos em ter..."

Canção em volta do fogo
(Márcio Vaccari e Marcelo Hayenna)

Se o amor, então, se cansou
durma pela lua, eu vigio
se o céu te parece ruir em pedaços de vidro
dançaremos em volta do fogo, subiremos com a maré
e amanheceremos de novo

Se o nosso olhar se perder em horizontes tão estranhos
e o mundo insistir em girar como numa ciranda
deixaremos as luzes acesas e abriremos as portas da casa
para termos, então, a certeza
que toda noite será eterna como no sonho que insistimos em ter

Então durma, durma
que o dia não demora a sangrar
com o canto do primeiro galo
então durma, durma
que o dia não demora a sangrar
quando o primeiro galo cantar.

Nota:
"Deixaremos as luzes acesas e abriremos as portas da casa, para termos, então, a certeza que toda noite será eterna como no sonho que insistimos em ter..."
Essa música combina a extrema delicadeza da melodia com a letra, que é poesia em estado puro.
O mundo insiste em girar como numa ciranda, mas há quem sonhe e, melhor que isso: há quem sonhe acompanhado.
Já dizia Raul que sonho que se sonho só é sonho que sonho só, e sonho que sonho acompanhado é o começo da realidade.
Adoro essas músicas plenas de delicadeza, de poesia e de suavidade... são um porto seguro pros dias em que nem tudo é como a gente quer.
É um conforto, uma carícia...
É um contemplar de apaixonado, o suspirar profundo daqueles que tem tanto pra dizer...
É um instante de paz, dentro de um coração que vive um eterno caos
Um coração cuja bagunça de feridas cutucadas também deixa a poeira debaixo do tapete, por total incapacidade de enfrentar o peso do que se foi.
Eu bem disse certa vez, um tanto quanto poeticamente, que enquanto houver vida, haverá tempo: tempo pra tudo, e é nisso que eu quero acreditar, é isso que me impulsiona, é por isso que tenho tanta vontade de me ver cada vez mais forte, cada vez mais viva, cada vez mais mulher...
E é por ser uma eterna persistente, uma eterna resistente, que eu não desisto: por mais que me sinta desanimada, nada me tira as forças e a vontade de prosseguir.
Há tanta vida lá fora e aqui dentro, desse meu coração que é a desordem em forma de músculo involuntário, SEMPRE.
É isso que me move. É isso que me tira da inércia.
Aos poucos, tudo se ajeita.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

"Erro o passo e perco o compasso"

http://www.youtube.com/watch?v=q6Yw3SUwRfQ

Torre de Babel
(Ezequiel Neves - Guto Goffi - Roberto Frejat)

Se eu chego, você tá saindo
a gente ama odiando, mas não me deixe sozinho
me dá pão com veneno jurando fidelidade
mas sua verdade não me engana nesse tempo de maldade

Que piração!
Eu tô na terra ou no céu?
Ninguém se entende nessa torre de Babel

O mundo tá acabando
não vai sobrar quase nada
a nossa hora tá chegando e ainda fazem piada
apertando o cerco, você se desespera
não há remédio, você tá na terra

Que piração!
Eu tô na terra ou no céu?
Ninguém se entende nessa torre de Babel.

Nota:
"Me dá pão com veneno jurando fidelidade, mas sua verdade não me engana nesse tempo de maldade".
"Ninguém se entende nessa torre de Babel".
É um desdizer-se sem fim.
A total falta de correspondência entre o que foi dito de um lado com o que foi dito do outro, e eu, no meio de duas pessoas que se contradizem, fico com cara de interrogação, "erro o passo e perco o compasso".
Se eu pudesse, faria uma acareação: colocaria um diante do outro e me ocuparia tão somente em analisar quem mente ou quem cala a verdade. Quem blefa nessa história?
Agir assim é leviano, pra não usar uma palavra mais agressiva.
Assevero aqui o que eu já deixei consignado mais cedo no twitter (/marilia_gavin): "A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória". Há quem não perca por esperar.
Não, eu não estou desejando mal: não sou capaz desses sentimentos mesquinhos.
Isso é só uma constatação.
Por saber o que me é caro, não hei de deixar barato.

domingo, 10 de outubro de 2010

Você que é daqui. Você que é do lado de lá.

"Tô na Bahia e tô sentindo frio
praia tá cheia, e em mim, tudo vazio
quebrei a corda, eu tô por um fio, menina

Eu te procuro até eu não poder mais
na internet, bares, nos jornais
TROMBAR VOCÊ É O QUE EU QUERO MAIS, MENINA..."
(Beijos, blues e poesia; Edson Carvalho)

Vazio
(Fernanda Mello)

Hoje é dia vazio.
Buraco no coração.
Ausência de pensamento.
Minha palavra fica muda.
Sem você,
Sou menos poesia.

Com que letra eu vou?
(Fernanda Mello)

Se não deu certo
Apague e recomece
Esqueça o que ficou
Esqueça a culpa
A falta de plano
Esqueça a dúvida
O que foi quase engano

Apague e recomece

É sempre hora de mudar
De virar a página
E se reinventar

(Mesmo que doa, aprender não é um processo à toa).

Nota: tudo isso. Tudo isso junto.
Eu tenho muito o que dizer, mas não sei com que palavras.
Na bagunça do meu coração, perdi o rumo, o sono, uma parte da paz de espírito... mas não me abandonei, até porque nada justificaria tal atitude.
Não por acaso (nunca por acaso) aquilo que cai como uma luva se materializa na nossa frente na hora certa.
Uma palavra, um olhar, um gesto...
Aquilo que não foi dito permanece nas entrelinhas.
Ainda tenho o olhar perdido, o pensamento desordenado, os passos imprecisos e a dificuldade de me fazer entendida...
Não sei até quando.
O que sei é que não estou sozinha, e isso me conforta a alma.
Me conforta saber que há quem zele por mim, aqui e do outro lado.
Muito obrigada por me ouvir, você que é daqui.
Muito obrigada por me fazer estacar por duas vezes, você do lado de lá.
Tenho muito o que agradecer, por tudo.
Tenho muito o que amadurecer, pra tudo.
Penso que quem já teve pressa pode se permitir andar devagar.

"Coração na boca, peito aberto
vou sangrando
são as lutas dessa nossa vida que eu estou cantando..."
(Sangrando; Gonzaguinha)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A frase do dia, da tarde e da noite!

"Eu ponho o amor no pilão com cinza e grão de roxo e soco. Macero ele, faço dele cataplasma e ponho sobre a ferida". (Adélia Prado)

domingo, 3 de outubro de 2010

Feliz

(Gonzaguinha)

Para quem bem viveu o amor
duas vidas que abrem não acabam com a luz
são pequenas estrelas que correm no céu
trajetórias opostas, sem jamais deixar de se olhar

É o carinho guardado no cofre de um coração, que voou
é o afeto deixado nas veias de um coração que ficou
é a certeza da eterna presença da vida que foi, na vida que vai
é saudade da boa, feliz cantar!

Que foi, foi, foi
foi bom e pra sempre será
mais, mais, mais
maravilhosamente amar.

Nota: é saudade da boa.
SAUDADE DA BOA. Daquelas saudades que não machucam e não constrangem... são deliciosamente saudosas... verdadeiras. Decorrentes de momentos que foram bem vividos, intensamente vividos e, por isso também, tão dignos de serem lembrados.
Curioso, mas fato: hoje me lembrei de uma entrevista que li certa vez com a escritora Lucivânia Fernandes, hoje, Cássia Fernandes. Na entrevista, questionada sobre qual era o seu maior amor, ela brilhantemente respondeu: "O último. Este é sempre o maior amor".
Eu, se instada a responder a mesma pergunta, certamente faria do mesmo modo, porque sinto exatamente isso.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Fala

http://www.youtube.com/watch?v=H_wRpZelp2A

Eu não sei dizer nada por dizer
então, eu escuto
se você disser tudo o que quiser
então, eu escuto

Fala, lá lá lá lá lá lá lá lá lá

Se eu não entender, não vou esconder
então, eu escuto
eu só vou falar na hora de falar
então, eu escuto

Fala, lá lá lá lá lá lá lá lá lá.


"Quando a razão não fala
Põe o coração na boca.
E vive. Porque a hora certa de sentir
Não existe".
(Coração na boca; Fernanda Mello)

Nota:  a música tem letra de João Ricardo e Luli, e foi gravada originalmente por "Secos e Molhados".
A letra nem tanto, mas a melodia dessa música me encanta... passa uma sensação sem tamanho de paz e de plenitude.
Já o poema... foi feito pra mim.
Em homenagem ao meu apreço pelas entrelinhas...
Pra bom entendedor, isso é.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Verdade chinesa

http://www.youtube.com/watch?v=wHhjNm7d-Yk&feature=player_embedded

Era só isso que eu queria da vida
uma cerveja, uma ilusão atrevida
que me dissesse uma verdade chinesa
como a intenção de um beijo doce na boca
a tarde cai, noite levanta a magia
quem sabe a gente vai se ver outro dia
quem sabe o sonho vai ficar na conversa
quem sabe até a vida pague essa promessa

Tanta coisa a gente faz
seguindo o caminho que o mundo traçou
seguindo a cartilha quem alguém ensinou
seguindo a receita da vida normal
mas o que é vida, afinal?
Será que é fazer o que o mestre mandou?
É comer o pão que o diabo amassou, perdendo da vida o que há de melhor?

Senta, se acomoda, à vontade
tá em casa, toma um copo
dá um tempo, que a tristeza vai passar
deixa pra amanhã, tem muito tempo
que o que vale é o sentimento e o amor que a gente tem no coração.

Nota: composição de Carlos Colla e Gilson, gravada na incomparável voz de Emílio Santiago.
ADORO essa música.
É isso... deu saudades e a ouvi hoje várias e incansáveis vezes...
Melodia incrível, letra interessante... ADORO.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Coração na mão

Coração na mão.
É exatamente assim que eu me sinto: com o coração na mão e com as mãos atadas.
Redescobri hoje, dentro do meu coração, um amor que eu nunca deixei de sentir... um amor que, tão-somente, estava adormecido.
Sim: o amor que é amizade.
Eu sinto muito, muito, muito...
Queria poder encontrar você numa outra situação, daquele jeito que você nunca deixou de ser: cheia de energia, de sonhos, de criatividade... de amor.
E me dói não poder fazer nada e me sentir impotente diante de você, porque tudo que eu queria é que você não estivesse passando por isso, porque você não... você definitivamente não merece.
Minha amiga, minha irmã...
Das poucas pessoas nesse mundo nas quais eu não enxergo nem um traço de maldade, porque você é toda coração.
O que eu puder fazer, esteja certa: farei sem pensar duas vezes e, por você, faria qualquer coisa mil vezes.
O que me resta, além de mostrar-me de mãos estendidas, é torcer e rezar, porque eu sei que isso é uma fase.
Te amo muito, muito, muito!
Do fundo do meu coração!
Pra sempre.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Uma tentativa de auto-descrição

A intensidade em estado puro
Uma romântica incorrigível
Um certo sorriso de quem nada quer
O mistério dessa aliança na minha mão direita...
Sou muitas em uma só
O doce do mel, sem desprezar o amargo maldoso do fel
A força do amor
A luz da madrugada, o frio dos invernos cortantes
As folhas mortas, que caem no outono
O perfume das rosas que florescem na primavera
O calor castigante dos verões
Todas as estações e mais algumas, que somente a minha alma habitam
E que, por isso, só eu sinto
Sou o olhar puro, a palavra que conforta
O toque das mãos que surpreende e silencia
Sou alegria sem dimensão, mas também sou a tristeza que dilacera
Sou só coração, sou o mais puro amor
E os dois Is do meu nome, saiba
Dizem mais do que se pode imaginar: um é Intensidade, o outro é Inconstância
Por isso, pare e pense
Prossiga se achar conveniente
Eis aqui uma mulher que não se define
Eis aqui, mistério e magia
Suposições, insinuações, erros, enganos e reflexões acerca de tudo
Eis aqui um ser complexo, mas encantador
Mil pedaços de mulher, um romance a ser escrito
Eis aqui a essência do que chamam inesquecível.

Nota: poema escrito, conforme consta do editor, no dia 17/12/2006.
É... nada nada de lá pra cá foram três anos e nove meses.
Muito tempo? Não sei...
O que eu sei é que de lá pra cá mudanças significativas foram operadas...
Eu ainda tenho muito o que aprender e superar, isso é fato, mas penso que o primeiro passo já foi dado e pode ser que ele seja o mais importante, porque sair da inércia não é nada fácil.
Ah, sim... eu usava aliança nessa época e foi aos poucos que pratiquei o desapego: não só dela, mas de tudo o que ela representava. Sim, sim: eu a guardei. Não, não... não tenho a mínima pretensão de voltar a usá-la.

"Juro que não vai doer se um dia eu roubar o seu anel de brilhantes
afinal de contas, dei meu coração e você pôs na estante
como um troféu, no meio da bugiganga
você me deixou de tanga
AI DE MIM, QUE SOU ROMÂNTICA".
(Mutante, Rita Lee)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Burn!

Fogo e gasolina
(Pedro Luís / Carlos Rennó)

Você é um avião e eu sou um edifício


Eu sou um abrigo e você é um missil

Eu sou a mata e você é a moto-serra

Eu sou um terremoto e você a Terra.



O nosso jogo é perigoso, menina

Nós somos fogo

Nós somos fogo

Nós somos fogo e gasolina.



Você é o fósforo e eu sou o pavio

Você é um torpedo e eu sou um navio

Você é o trem e eu sou o trilho

Eu sou o dedo e você é o meu gatilho.



O nosso jogo é perigoso, menina

Nós somos fogo

Nós somos fogo

Nós somos fogo e gasolina

Nós somos fogo

Nós somos fogo

Nós somos fogo e gás.



Eu sou a veia e você é a agulha

Eu sou o gás e você é a fagulha

Eu sou o fogo e você é a gasolina

Eu sou a pólvora e você a mina.



O nosso jogo perigoso combina

Nós somos fogo

Nós somos fogo

Nós somos fogo e gasolina.


Instiga também a seguinte frase e o trecho da música que abaixo transcrevo:

"A vantagem de brincar com fogo é que se aprende a não se queimar". (Oscar Wilde)

"Eles acordam cedo
penetram nos pesadelos com hálito de assassino
sedução da violência
ou o tédio da vida eterna e o peso do amor divino
a fúria dos terroristas, a força dos visionários
a raiva em estado puro, qualquer louco sanguinário
se esconde aqui dentro, não tenho culpa
não solte fagulhas nesse incêndio
não creia na paz que eu passo, espere o momento
da minha resposta nesse ano sangrento".
(Se esconde aqui dentro; Leoni)

Brincar com fogo, às vezes, é a melhor das coisas.

domingo, 12 de setembro de 2010

Flores do mal

Flores do mal
(Roberto Frejat / Guto Goffi)

Não me atire num mar de solidão
você tem a faca, o queijo e o meu coração nas mãos
não me retalhe em escândalos
nem tampouco cobre o perdão
deixe que eu cure a ferida dessa louca paixão
que acabou feito um sonho
foi o meu inferno, foi o meu descanso
a mesma mão que acaricia, fere e sai furtiva
faz do amor uma história triste
o bem que você me fez
nunca foi real
da semente mais rica, nasceram flores do mal

Não me atire num mar de solidão
você tem a faca, o queijo e o meu coração nas mãos
não me retalhe em escândalos
nem tampouco cobre o perdão
deixe que eu cure a ferida dessa louca paixão
não me esqueça por tão pouco
nem diga adeus por engano, mas é sempre assim
a mesma mão que acaricia, fere e sai furtiva
faz do amor uma história triste
o bem que você me fez
nunca foi real
da semente mais rica, nasceram flores do mal.


Sentado à beira do caminho
(Roberto Carlos / Erasmo Carlos)

Eu não posso mais ficar aqui a esperar
que um dia, de repente, você volte para mim
vejo caminhões e carros apressados a passar por mim
estou sentado à beira de um caminho que não tem mais fim
meu olhar se perde na poeira dessa estrada triste
onde a tristeza e a saudade de você ainda existe
esse sol que queima no meu rosto um resto de esperança
de ao menos ver de perto seu olhar que eu trago na lembrança

Preciso acabar logo com isso
preciso lembrar que eu existo
que eu existo, que eu existo

Vem a chuva, molha o meu rosto e então eu choro tanto
minhas lágrimas e os pingos dessa chuva se confundem com meu pranto
olho pra mim mesmo e procuro, e não encontro nada
sou um pobre resto de esperança à beira de uma estrada
carros, caminhos, poeira, estrada
tudo, tudo se confunde em minha mente
minha sombra me acompanha e vê que eu estou morrendo lentamente
só você não vê que eu não posso mais ficar aqui sozinho
esperando a vida inteira por você, sentado à beira de um caminho.

Preciso acabar logo com isso
preciso lembrar que eu existo
que eu existo, que eu existo.

Vou dispensar comentários porque as duas canções já dizem por mim.
É isso.

sábado, 11 de setembro de 2010

Adendos

(1) 11/09/2010: hoje faz dois anos que Pedro Henrique Queiroz foi assassinado.
O encontro na casa da família ontem foi muito emocionante.
As orações foram muito boas.
A esperança ainda vive e grita: a justiça há de ser feita. Precisa ser feita.

(2) Sair, mesmo quando a vontade é de ficar em casa, pode ser a melhor das opções.
Metrópolis ontem rendeu muita conversa boa, risada e diversão.
Diversão é solução pra mim.

"Saudações a quem tem coragem
aos que estão aqui pra qualquer viagem
não fico esperando a vida passar tão rápido
A FELICIDADE É UM ESTADO IMAGINÁRIO!"

(3) Um telefonema muda tudo. Gêmea, obrigada por ser GÊMEA!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

"Diga lá, meu coração..."

Diga lá meu coração


(Gonzaguinha)



São coisas dessa vida tão cigana

Caminhos como as linhas dessa mão

Vontade de chegar, e olha eu chegando

E vem essa cigarra no meu peito já querendo ir cantar n’outro lugar

Diga lá, meu coração, da alegria de rever essa menina

E abraça-la, e beija-la

Diga lá, meu coração, conte as histórias das pessoas

Nas estradas dessa vida

Chora essa saudade estrangulada

Fale: “Sem você não há mais nada”

Olhe bem nos olhos da morena e veja lá no fundo a luz daquela primavera

Durma qual criança no seu colo

Sinta o cheiro forte do teu solo

Passe a mão nos seus cabelos negros, diga um verso bem bonito e de novo, vá embora

Diga lá, meu coração, que ela está dentro em meu peito e bem guardada

E que é preciso, mais que nunca, prosseguir

Espere por mim, morena

Espere que eu chego já

O amor por você...





Se um dia você sentir vontade de chorar, vem correndo, aqui, pros meus braços

Amo-te tanto que nem sei ao certo dizer se isso é mesmo amor, parece até mais que amor.

 
Nota: consta do editor que este "poema" foi redigido no dia 13/10/2005.
Trata-se de uma canção composta por Gonzaguinha, chamada "Diga lá, meu coração". Composição essa plena de delicadeza. Abaixo, as duas frases, são minhas. A letra acima transcrita serviu de inspiração (e como!).
À época, as composições de Gonzaguinha se fizeram extremamente presentes na minha vida, principalmente "Grito de alerta", uma das músicas que mais me comove.
Ainda me lembro (e bem!) pra quem e qual a circunstância a que ele se refere... e lembro com carinho.
Quantas saudades... quantas saudades.

Revival nº II

Engraçada e suspeita é a sensação que agora me toma: difícil de se definir.


É solidão. Solidão.

Solidão, a palavra em si, remete à imagem de tristeza, de ser ou estar sozinho, ou seja, sem companhia...

O que me acompanha nessa noite de sábado em que resolvi estar em casa por falta de outra possibilidade, é um copo de coca cola light com gelo e Buchanan’s. Não devo desmerecer: é uma bela companhia.

As divagações que tomaram conta do meu pensamento hoje, em decorrência dessa solidão etílica, me trouxeram a lembrança de uma música que há muito tempo ouvi no rádio. É uma música antiga e que, não por isso mas de certo por falta de mais recursos, não consigo encontra-la, nem ao mesmo sua letra, embora me lembre de algumas frases. Uma delas, a que mais me marcou, dizia: “No telefone, digo alô à solidão...”

Isso diz tudo.

No telefone, sem ter a quem atender, digo alô ao meu estado de espírito que é sempre solitário, é sempre esquecido, ingrato, sofrido... só.

Adjetivando muito, nem sempre é necessário pra que se consiga dimensionar melhor ou sensibilizar melhor o que me traduz o sentimento de solidão. Cada pessoa sente e sofre de um jeito, ou melhor, devo dizer que cada pessoa sente e sofre (ou não) do seu próprio jeito, com drama ou não, com vontade ou não, com culpa ou não.

É certo que estar sozinha enquanto se deveria, pelo menos pela circunstância do costume convencionado de se sair pra se divertir num sábado a noite, traz pensamentos que muitas vezes tendemos, com todas as nossas forças (ou não), afastar. E eu penso... não nego. Penso e não me reprimo por pensar. Eu sei que tenho o direito de pensar e de querer pensar em pensar em tudo o que fez parte do meu passado, principalmente de um passado que hoje ainda se configura presente. Um presente de uma relação que eu abandonei sem olhar pra trás, e que hoje me causa um sentimento estranho, uma raiva de mim mesma por não ter dito, gritado, escancarado, esfregado a mão na cara de quem me fez mal, como quem dá um tapa na cara com direito a estalo, estardalhaço e platéia. Que seja demonstração de fraqueza, que seja infantilidade e prova inconteste de imaturidade: é algo que ainda me incomoda.

Quando eu páro e penso em tudo, me sinto traída, enganada, rejeitada, humilhada... mas quando quero analisar melhor isso tudo, procuro nos detalhes que foram importantes a grandeza de mim que emprestei à essa relação que, mesmo antes de começar (se é que existiu alguma relação), era fadada ao fracasso. É certo que a solidão que é deixada em troca da presença que já existiu e já deu cor à vida, não é nada apreciável e querida, mas existe e subsiste. É importante aprender a aceita-la a acreditar que não se morre por senti-la como companhia. Sim, a solidão como companhia. Essa companhia traz consigo também a capacidade humana individual de questionarmos tudo, inclusive o fato de estarmos questionando.

É importante que tenhamos tempo, disposição e coragem pra nos ouvir de vez em quando... isso é importante e necessário. Ouvir o pranto engasgado que não derramamos naquele dia porque estávamos sendo observados, porque havia gente demais por perto. Ouvir o estouro que rompe o peito, quando o coração sente e clama por amor... e clama pelo amor que dá de graça, sem cobrar, e que espera de volta... na ingenuidade e castidade dos mais puros sentimentos. Ouvir as sábias palavras que as pessoas nos dizem e que não assimilamos. Ouvir as imagens do óbvio, que gritam e se movimentam incessantemente diante de nós mesmos e que insistimos em ignorar por sermos ignorantes e, pra depois, nos arrependermos de não termos parado naquele ponto e pensado se devíamos ou não prosseguir. Naquele momento, ainda havia a possibilidade de se fazer a escolha certa, agora, já é tarde demais.

O arrependimento e a dor que não deveriam existir e que podiam ser evitados, se tivéssemos sido mais cautelosos e mais responsáveis com os nossos próprios corações, torna-se inevitável e põe-se de pé diante de nossa imagem, imponente e cruel, vil em sua essência. E é sozinhos que enfrentamos. Sozinhos. A luta é solitária, numa caminho comprido e cheio de armadilhas. É o preço que se paga por esperar demais, por acreditar demais, por ser suscetível demais... por apaixonar-se e oferecer o próprio coração numa bandeja. Tudo tem seu preço nessa vida, eis a grande lição.

Não é função da vida materializar os sonhos que semeamos. É função da vida tão-somente seguir o seu curso. Lembro-me agora do meu livro de Ciências da 1ª série, que esquematizava a vida dos seres vivos da seguinte maneira: Nasce, cresce, reproduz-se e morre. Existem variações, inclusive na ordem ou no não-acontecimento das duas fases intermediárias, mas os extremos não mentem e não se desviam do que lhes foi imposto. O destino é um só. Estamos todos de passagem. E estamos todos, sempre, esperando alguma coisa ou alguém. Sempre. Todo dia, toda hora. E cabe a mim afirmar, por ter a certeza, que as esperas solitárias são sempre mais produtivas e ricas, se não sempre, na maior parte das vezes. A tendência, em mim, é essa.


Nota: texto redigido no dia 18/05/2007.
Consta do editor essa data, mas acredito que tenha sido redigido antes disso, porque posteriormente efetuei correções e salvei, motivo pelo qual consta do arquivo a data acima informada.
É um dos textos que eu mais gosto, por sua densidade e por tudo o que ele representa.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Revival nº I

Eu apenas queria que você soubesse


que aquela alegria ainda está comigo

e que a minha ternura não ficou na estrada, não ficou no tempo presa na poeira



Eu apenas queria que você soubesse

que esta menina hoje é uma mulher

e que esta mulher é uma menina

que colheu seu fruto, flor do seu carinho

eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta

que hoje eu me gosto muito mais, porque me entendo muito mais também

e que a atitude de recomeçar é todo dia, toda hora

é se respeitar na sua força e fé

e se olhar bem fundo, até o dedão do pé



Eu apenas queira que você soubesse

que essa criança brinca nesta roda

e não teme o corte de novas feridas

pois tem a saúde que aprendeu com a vida.

(Eu apenas queria que você soubesse; Gonzaguinha)





Apesar de adorar esta música, resolvi colocá-la aqui, neste post de hoje, pra servir de ilustração, uma vez que a frase: "Eu apenas queria que você soubesse" tem estado presente na minha vida de uns tempos pra cá mais do que nunca...

Embora o que eu tenha pra dizer não caiba perfeitamente nesta frase, por ser coisa demais, a sensação que esta mesma frase me passa é de alerta, é de alguém que chama a atenção pra si, como se dissesse: "Olha aqui, apesar de tudo, eu só queria que você soubesse...", e por aí vai. Eu tenho muito a dizer. Quanto a isso, não tenho a mínima dúvida.

Não tenho o que cobrar, porque não se cobra pelo que se dá de graça, mesmo quando o que é dado configura um sentimento nobre. Também é passado a fase de passar recibo aos quatros cantos e esconder lágrimas que já foram vistas por todos... Chega.

Agora, o que espero, de coração, é que exista ainda, por traz de tantos desencontros, perguntas não respondidas, sentimentos não-compatíveis, um último suspiro de bom senso e de dignidade, um mínimo de respeito e consideração, e eu me sinto no direito de esperar pelo menos isso de você. Pelo menos isso: um pouco de respeito. Pelo menos uma vez na vida, um pouco menos de egoísmo... Quem já esperou o tempo que eu fui capaz de esperar, na esperança incessante de que tudo, um dia, se ajeitasse, não tem mais pressa de muita coisa... E eu espero o tempo que for necessário. Pode ser que o destino não seja generoso conosco, mas eu desejo que haja tempo pra tudo, no que diz respeito às contas que ainda não acertamos, às cartas que não trocamos e entre tantas outras coisas... Ainda há em mim, por incrível que isso possa parecer, uma certa esperança de que você um dia entenda do que eu fui capaz de fazer por você, de toda a minha generosidade sem tamanho com você... Espero, ainda, que você também desperte para o fato de que, em contrapartida, o que veio de você nunca foi o que mereci, era sempre abaixo do que eu mereci, mas não quero parecer contraditória ou paradoxal, até mesmo porque eu mesma citei acima que não devemos cobrar pelo que damos de graça. É bem verdade que eu me iludi demais. Sim, eu ME iludi... Por acreditar que qualquer mínima demonstração de carinho, de apego fosse um sentimento "a mais" se manifestando... É bem verdade também que o que eu pude fazer pra que tudo desse certo entre nós dois, eu fiz. E fiz não poupando suor, nem sangue nem lágrima... Eu fiz com a força da alma, eu realmente acreditei. Eu realmente me enganei, eis a verdade absoluta dos fatos. Hoje, de todo o coração, por mais que há quem duvide disso (eu não tenho que provar NADA pra ninguém), eu desejo a você toda a felicidade do mundo... Uma completa e total realização, um futuro pleno de felicidades. Não era mesmo pra dar certo e eu levei tempo demais pra me convencer, a duras penas, de que o certo, era isso... O tempo trouxe? Ele leva. Ele levou? Traz depois, muitas vezes algo capaz de nos surpreender. E o tempo me ensinou a ser paciente e generosa o bastante pra saber esperar e acreditar que exista grandeza em todas as pessoas, inclusive nas que nos demonstram sentimentos medíocres... E eu espero, eu ainda acredito que haverá uma reflexão, mais cedo ou mais tarde, vinda de você. Eu espero por esta reflexão.

Eu apenas queria que você soubesse que eu não sou orgulhosa e nem mentirosa o bastante pra afirmar que saio ilesa de tudo isso, porque muita coisa me atingiu e me feriu em carne viva... Mas eu apenas queria que você soubesse que isso tudo me faz uma pessoa melhor, mais capaz, mais íntegra, mais digna, porque tudo isso não levou nada de mim... Eu apenas queria que você soubesse que eu vou sobreviver. Já não passo mais recibo, já não choro pelos cantos da casa, já não acordo e durmo pensando, recorrentemente, em você. Há, ainda, muito pra ser dito.

Nota: mal traçadas linhas redigidas no ano de 2006. Sim, 2006.


Trata-se, sim, de um desabafo solitário que mais parece uma carta, embora nunca tenha sido uma carta: não foi entregue ao destinatário.

O tempo já se encarregou de cobrir essa história de poeira. Hoje, não passa de uma recordação.

Recordação que tenho com carinho e com estima.

Pra sempre.

Nunca digno de ser esquecido.

Recomeçar: porque seguir em frente ainda é a melhor opção.

"Desejo
que você tenha a quem amar
e quando estiver bem cansado...
que ainda exista amor pra recomeçar
pra recomeçar".
(Poema de Vítor Hugo adaptado por Roberto Frejat na canção "Amor pra recomeçar")

Reporto pertinente, antes de qualquer outra consideração a ser feita, transcrever aqui o que eu postei mais cedo no twitter (/marilia_gavin): "Ponto final: não o postergue. Evite a dor. Chute o sofrimento. Aprenda a perder".
Antes disso, houve uma súplica: "Alguém, por favor, me salve. De mim mesma. Da minha própria inconstância. Da minha impulsividade. Do meu abandono de mim mesma".
É engraçado que é sempre muito fácil aconselhar outra pessoa com relação aos percalços amorosos a que estamos todos sujeitos e o quão complicado isso se torna quando o envolvido no dilema é a gente mesmo.
Sabe aquela máxima, que é tão batida mas ao mesmo tempo tão real? A que me vem à mente é a que diz que o que não tem remédio, remediado está. É isso mesmo: remediado está.
Há quem não acredite, mas eu não tenho a mínima dúvida de que nada acontece por acaso. Absolutamente nada. Tudo tem seu tempo, tudo tem sua duração. Lutar contra isso é, assim como Drummond já havia dito sobre lutar com palavras, é a luta mais vã.
Por assim ser e por saber que há vida demais lá fora e que todo o sofrimento um dia se desfaz no ar, não há melhor alternativa senão seguir em frente.
Eu tenho mais é que agradecer a Deus por ser, além e apesar de tudo, uma persistente incorrigível. Não dessas que nem sequer se deixa abater: mas daquelas que se deixa abater, sim, mas reluta, acredita, persevera, investe e volta a olhar pra si, antes de olhar pra qualquer outra pessoa, porque a solução não está em ninguém além de mim.
Este é o primeiro de muitos outros posts, quero crer.
Terei, aqui, a oportunidade de mostrar, a quem interessar possa, pedaços de mim. Detalhes, revelações, defeitos e características, que podem ser assustadoras, mas que também podem ser encatadoras.
Espero que gostem!
Bom dia, vida!
Hoje é 2ª feira e eu já sou uma pessoa mais feliz.
Que venha a vida!