quarta-feira, 16 de março de 2011

"Por você e por mim, até o fim da vida"

Sujeito oculto
(Heróis da Resistência)

Então não abra a porta
não deixe que eu te enxergue
por você e por mim
até o fim da vida

Então suporte o peso
de não ter mais que a sombra
de ser o lado escuro
da minha face oculta

Não me procure
não tente me conhecer
eu sou o outro atrás de você

Então carregue o lixo
de dentro dos meus olhos
por você e por mim
até o fim da vida

Então me traia sempre
me traia enquanto eu durmo
é tudo que nos resta
meu irmão, meu duplo

Apague as pistas
e as pegadas por nós.

Nota: depois de muitos anos, tive vontade de ouvir essa música novamente.
Eu a ouvia muito em 2003.
"Por você e por mim, até o fim da vida".
O fim da vida.
O fim de tudo?
O fim?
"Então carregue o lixo de dentro dos meus olhos, por você e por mim, até o fim da vida. Então me traia sempre, me traia enquanto eu durmo..."
Eu adoro essa frase pela complexidade de sentidos que ela me desperta.
Quanta coisa a gente enxerga e guarda, não consegue esquecer... quanto lixo a gente assimila e não consegue se desfazer.
Quantas sombras, quantos vultos...
E há quem passe a vida toda tentando suportar o peso de não ser mais que a sombra. Até o fim da vida.

"Quando a gente tenta
de toda maneira
dele se guardar
sentimento ilhado
morto e amordaçado
volta a incomodar".
(Revelação; Clodô - Clésio)

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