domingo, 24 de outubro de 2010

"... que toda noite será eterna como no sonho que insistimos em ter..."

Canção em volta do fogo
(Márcio Vaccari e Marcelo Hayenna)

Se o amor, então, se cansou
durma pela lua, eu vigio
se o céu te parece ruir em pedaços de vidro
dançaremos em volta do fogo, subiremos com a maré
e amanheceremos de novo

Se o nosso olhar se perder em horizontes tão estranhos
e o mundo insistir em girar como numa ciranda
deixaremos as luzes acesas e abriremos as portas da casa
para termos, então, a certeza
que toda noite será eterna como no sonho que insistimos em ter

Então durma, durma
que o dia não demora a sangrar
com o canto do primeiro galo
então durma, durma
que o dia não demora a sangrar
quando o primeiro galo cantar.

Nota:
"Deixaremos as luzes acesas e abriremos as portas da casa, para termos, então, a certeza que toda noite será eterna como no sonho que insistimos em ter..."
Essa música combina a extrema delicadeza da melodia com a letra, que é poesia em estado puro.
O mundo insiste em girar como numa ciranda, mas há quem sonhe e, melhor que isso: há quem sonhe acompanhado.
Já dizia Raul que sonho que se sonho só é sonho que sonho só, e sonho que sonho acompanhado é o começo da realidade.
Adoro essas músicas plenas de delicadeza, de poesia e de suavidade... são um porto seguro pros dias em que nem tudo é como a gente quer.
É um conforto, uma carícia...
É um contemplar de apaixonado, o suspirar profundo daqueles que tem tanto pra dizer...
É um instante de paz, dentro de um coração que vive um eterno caos
Um coração cuja bagunça de feridas cutucadas também deixa a poeira debaixo do tapete, por total incapacidade de enfrentar o peso do que se foi.
Eu bem disse certa vez, um tanto quanto poeticamente, que enquanto houver vida, haverá tempo: tempo pra tudo, e é nisso que eu quero acreditar, é isso que me impulsiona, é por isso que tenho tanta vontade de me ver cada vez mais forte, cada vez mais viva, cada vez mais mulher...
E é por ser uma eterna persistente, uma eterna resistente, que eu não desisto: por mais que me sinta desanimada, nada me tira as forças e a vontade de prosseguir.
Há tanta vida lá fora e aqui dentro, desse meu coração que é a desordem em forma de músculo involuntário, SEMPRE.
É isso que me move. É isso que me tira da inércia.
Aos poucos, tudo se ajeita.

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