segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Revival nº I

Eu apenas queria que você soubesse


que aquela alegria ainda está comigo

e que a minha ternura não ficou na estrada, não ficou no tempo presa na poeira



Eu apenas queria que você soubesse

que esta menina hoje é uma mulher

e que esta mulher é uma menina

que colheu seu fruto, flor do seu carinho

eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta

que hoje eu me gosto muito mais, porque me entendo muito mais também

e que a atitude de recomeçar é todo dia, toda hora

é se respeitar na sua força e fé

e se olhar bem fundo, até o dedão do pé



Eu apenas queira que você soubesse

que essa criança brinca nesta roda

e não teme o corte de novas feridas

pois tem a saúde que aprendeu com a vida.

(Eu apenas queria que você soubesse; Gonzaguinha)





Apesar de adorar esta música, resolvi colocá-la aqui, neste post de hoje, pra servir de ilustração, uma vez que a frase: "Eu apenas queria que você soubesse" tem estado presente na minha vida de uns tempos pra cá mais do que nunca...

Embora o que eu tenha pra dizer não caiba perfeitamente nesta frase, por ser coisa demais, a sensação que esta mesma frase me passa é de alerta, é de alguém que chama a atenção pra si, como se dissesse: "Olha aqui, apesar de tudo, eu só queria que você soubesse...", e por aí vai. Eu tenho muito a dizer. Quanto a isso, não tenho a mínima dúvida.

Não tenho o que cobrar, porque não se cobra pelo que se dá de graça, mesmo quando o que é dado configura um sentimento nobre. Também é passado a fase de passar recibo aos quatros cantos e esconder lágrimas que já foram vistas por todos... Chega.

Agora, o que espero, de coração, é que exista ainda, por traz de tantos desencontros, perguntas não respondidas, sentimentos não-compatíveis, um último suspiro de bom senso e de dignidade, um mínimo de respeito e consideração, e eu me sinto no direito de esperar pelo menos isso de você. Pelo menos isso: um pouco de respeito. Pelo menos uma vez na vida, um pouco menos de egoísmo... Quem já esperou o tempo que eu fui capaz de esperar, na esperança incessante de que tudo, um dia, se ajeitasse, não tem mais pressa de muita coisa... E eu espero o tempo que for necessário. Pode ser que o destino não seja generoso conosco, mas eu desejo que haja tempo pra tudo, no que diz respeito às contas que ainda não acertamos, às cartas que não trocamos e entre tantas outras coisas... Ainda há em mim, por incrível que isso possa parecer, uma certa esperança de que você um dia entenda do que eu fui capaz de fazer por você, de toda a minha generosidade sem tamanho com você... Espero, ainda, que você também desperte para o fato de que, em contrapartida, o que veio de você nunca foi o que mereci, era sempre abaixo do que eu mereci, mas não quero parecer contraditória ou paradoxal, até mesmo porque eu mesma citei acima que não devemos cobrar pelo que damos de graça. É bem verdade que eu me iludi demais. Sim, eu ME iludi... Por acreditar que qualquer mínima demonstração de carinho, de apego fosse um sentimento "a mais" se manifestando... É bem verdade também que o que eu pude fazer pra que tudo desse certo entre nós dois, eu fiz. E fiz não poupando suor, nem sangue nem lágrima... Eu fiz com a força da alma, eu realmente acreditei. Eu realmente me enganei, eis a verdade absoluta dos fatos. Hoje, de todo o coração, por mais que há quem duvide disso (eu não tenho que provar NADA pra ninguém), eu desejo a você toda a felicidade do mundo... Uma completa e total realização, um futuro pleno de felicidades. Não era mesmo pra dar certo e eu levei tempo demais pra me convencer, a duras penas, de que o certo, era isso... O tempo trouxe? Ele leva. Ele levou? Traz depois, muitas vezes algo capaz de nos surpreender. E o tempo me ensinou a ser paciente e generosa o bastante pra saber esperar e acreditar que exista grandeza em todas as pessoas, inclusive nas que nos demonstram sentimentos medíocres... E eu espero, eu ainda acredito que haverá uma reflexão, mais cedo ou mais tarde, vinda de você. Eu espero por esta reflexão.

Eu apenas queria que você soubesse que eu não sou orgulhosa e nem mentirosa o bastante pra afirmar que saio ilesa de tudo isso, porque muita coisa me atingiu e me feriu em carne viva... Mas eu apenas queria que você soubesse que isso tudo me faz uma pessoa melhor, mais capaz, mais íntegra, mais digna, porque tudo isso não levou nada de mim... Eu apenas queria que você soubesse que eu vou sobreviver. Já não passo mais recibo, já não choro pelos cantos da casa, já não acordo e durmo pensando, recorrentemente, em você. Há, ainda, muito pra ser dito.

Nota: mal traçadas linhas redigidas no ano de 2006. Sim, 2006.


Trata-se, sim, de um desabafo solitário que mais parece uma carta, embora nunca tenha sido uma carta: não foi entregue ao destinatário.

O tempo já se encarregou de cobrir essa história de poeira. Hoje, não passa de uma recordação.

Recordação que tenho com carinho e com estima.

Pra sempre.

Nunca digno de ser esquecido.

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